domingo, 25 de abril de 2010

Revolução dos Cravos faz 36 anos

A revolução que pôs fim à ditadura em Portugal e que adoptou o cravo como símbolo para a transição política para um regime democrático completa hoje 36 anos. O 25 de Abril de 1974 é evocado este domingo um pouco por todo o país e é o pretexto para, à tarde, as residências oficiais do primeiro-ministro e do Presidente da República abrirem as suas portas à população.

Lisboa acolhe, na Avenida da Liberdade, um tradicional desfile de comemoração da revolução, que culmina com discursos na Praça do Rossio. No Palácio de Belém as comemorações oficiais incluirão actuações musicais do Rancho Folclórico de Fortios (Portalegre), da banda da Força Aérea e da cantora Cristina Branco, que apresentará um concerto dedicado a José Afonso.

O Presidente da República, Cavaco Silva, assinalou hoje o seu último discurso de 25 de abril deste seu mandato, que termina no início do próximo ano. Há precisamente um ano o chefe de Estado havia centrado a sua mensagem na crise e nos "tempos difíceis", para apelar à participação cívica dos portugueses.

Na memória destes 36 anos de democracia após 41 anos de ditadura fica um movimento militar liderado por capitães do Movimento das Forças Armadas (MFA), com amplo apoio popular e das organizações políticas que, na clandestinidade, combatiam o regime ditatorial, colonialista e fascista, que levaria a mudanças profundas na vida política, social e económica portuguesa e à independência das ex-colónias em África.
Os sinais na rádio, o cravo e as marcas políticas

No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho e outros oficiais, instalou secretamente um posto de comando do MFA no quartel da Pontinha, em Lisboa.

O sinal secreto para o avanço do movimento foi dado às 22h55, com a transmissão radiofónica da música "E depois do adeus", de Paulo de Carvalho. Um segundo sinal, também por via da rádio, chegaria às 0h20, com a música "Grândola, Vila Morena", de José Afonso.

O movimento avançou durante a madrugada para o controlo de vários pontos estratégicos no país, como o Aeroporto de Pedras Rubras, as instalações da televisão RTP no Porto e o Terreiro do Paço, em Lisboa.

Foi do Terreiro do Paço que as forças comandadas pelo capitão Salgueiro Maia seguiram para o Quartel do Carmo, onde se encontrava o então chefe do governo, Marcello Caetano, que ao final do dia se rendeu, tendo obtido asilo no Brasil, onde vigorava o regime militar.

O cravo vermelho, que um soldado durante o 25 de Abril de 1974 colocou no cano da sua espingarda, tornou-se imagem de marca de um dia que mudaria Portugal. A emergência do Partido Comunista no poder político durante os meses que se seguiram abriu o caminho a uma série de nacionalizações no ano seguinte.

As nacionalizações, que afectaram grandes grupos económicos, viriam, anos mais tarde, a ser desfeitas através de novas privatizações. Da ideologia que se acentuou no pós-25 de abril resultariam cisões no panorama político nacional, deixando marcas até aos dias de hoje.
Fonte: Portugal Digital

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