domingo, 16 de maio de 2010

Dica de lazer: Museu do Centro Cultural Dragão do Mar



MAC comemora 10 anos com exposição “Pra Começo de Século” 

Obra do artista uruguaio Sergio Meirana (Foto: Marina Cavalcante/Divulgação)



O Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura apresenta a exposição “Pra Começo de Século”. A exposição, que comemora 10 anos do MAC, reúne 12 artistas e traça um panorama da produção contemporânea da primeira década do século XXI no Ceará, no Brasil e em outros países da América Latina.
De acordo com o curador da exposição, o artista plástico José Guedes, na virada do século já se percebia um alto índice de interrelação entre todas as linguagens - de umas com as outras e também com as novas tecnologias. “Os artistas do século XXI encaram o passado, mas ainda veem os seus rostos. Sem grandes rompantes ou manifestos e com uma liberdade nunca antes vivenciada, certamente conquistada pelas posturas mais contestadoras, vai incorporando “antropofagicamente” a história da arte e assim conquistando espaço no seu eixo”, explica Guedes.
As grandes rupturas, bem digeridas, resultaram na expansão das linguagens. E assim como as linguagens, os artistas, libertos, passaram a ter um arsenal de possibilidades em todas as modalidades da arte, das mais tradicionais, às mais contaminadas, para desenvolverem suas ideias.
E é dessa revolução silenciosa que trata "Pra começo de Século”. “A exposição reúne artistas que tiveram suas carreiras deslanchadas na primeira década do século XXI (período de existência do museu), fazendo assim um pequeno recorte que procura abordar questões que certamente contribuirão na formação do alicerce das gerações que virão”, finaliza Guedes.
Serviço – “Pra Começo de Século” pode ser visitada de terça a quinta, das 9h às 19h e de sexta a domingo das 14h às 21h.

OS ARTISTAS E AS OBRAS
ALEXANDRE VOGLER (RJ)
A emoção que sentimos cotidianamente diante dos fatos da vida, se confunde com o prazer estético presente na obra de Alexandre Vogler. É visível, quase palpável neste trabalho, que a arte não é produzida em contextos outros e sim participa ativamente, surge e retorna às experiências da vida humana. Sob o olhar atento do Guarda Municipal, personagem comum no dia-a-dia das cidades, o artista nos convida, através de uma beleza profundamente inquietante, a questionar o que está posto, evidenciando particularidades ocultas em meio À profusão de informações da vida contemporânea.
ANDRÉ KOMATSU (SP) 
Uma fatalidade nada acidental. A organização de um ato, criando um espaço delimitado dentro do museu, uma configuração geométrica daquilo que deveria ter vida própria, uma mancha que se espalha e transforma a cena em algo milimetricamente pensado. Organizar e encontrar o "configurado" em uma desconfiguração cotidiana e que por vezes nada desejada, assim como a rotina.
BETTINA BRIZUELA (Paraguai)
Bettina Brizuela é uma artista que mora em Assunção, no Paraguai. As obras aqui apresentadas possuem uma forte ligação com a moradia e o cotidiano. As raízes formadas através do tempo desenvolvem lembranças e uma identidade que podem ser trazidas à tona ao deparar-nos com sua obra. Uma casa feita de escombros de inúmeras outras casas ou seria um acúmulo de várias outras lembranças? A casa que se escolhe para estar, o que guarda em seu silêncio? Sinta-se em casa para descobrir...
EUZÉBIO ZLOCCOWICK (CE)
As paredes que nos causam a sensação de proteção, podem aqui significar perigo, insegurança. O espinho, recorrente no trabalho do artista, é em sua função primária proteção. Proteção que arranha, que mesmo em sua frágil matéria aponta para o alvo, a pele, e vai perfurando a carne e os poros a procura de manter a distância quem quer estar perto. Como, mesmo sem tocar no espinho, ele arranha nossas percepções?

MARINA DE BOTAS (CE) 
Neste trabalho a artista Marina de Botas mostra sua sensibilidade ao decifrar com primazia todas as sutilezas do corpo. Contornos, poética e temporalidades forjam em tal obra um amálgama, suscitando em nós um singelo convite a tatearmos constelações.

MILTON MARQUES (DF)
Com o intenso desenvolvimento da tecnologia, os aparatos tecnológicos caem em desuso com grande rapidez. O trabalho de Milton Marques, que se constitui a partir de habilidades técnicas e artesanais, resgata objetos obsoletos, restabelecendo uma aura poética a estes equipamentos que estavam destinados ao esquecimento. Os objetos são destituídos de sua função original e tornam-se provocativos ao refletir novas possibilidades que escapam de sua proposta inicial.

NARDA ALVARADO (Bolívia)
Entre a poética, um despertador do imaginário que articula uma lembrança, um raciocínio, uma narrativa, uma experiência, mais do que uma brincadeira de criança. Interpondo ao aspecto disparatado, ideias que se aglutinam ou se distribuem pela superfície caligraficamente  tratadas como desenho.
ROGÉRIO CANELLA (SP)
O paulistano Rogério Canella busca revelar em sua obra os processos de transformações recorrentes em grandes metrópoles, principalmente em São Paulo, capital onde reside. Suas fotografias revelam como os espaços urbanos se tornam efêmeros ao sofrerem a intervenção humana. Em sua série de fotografias "Linha 4" , Canella mostra a construção de uma linha de metrô, aproveita da pouca  luz  do ambiente subterrâneo e compõe imagens sutis e leves que contrastam com a grande quantidade de concreto, terra e ferro.
SABYNE CAVALCANTI (CE)
As instalações de Sabyne Cavalcanti provocam uma troca com o público. Aquele que passa pode ver, sentir e ir além. Assim, as obras também habitam o interior de cada um a sua maneira, em várias moradas particulares. Por meio da arte ocorre o despertar dos sentidos e a reflexão sobre como existe cada vez menos locais que possamos nos sentir em casa. Talvez a natureza seja colocada em uma "caixa" e com carinho teria o aviso: Cuidado Frágil! A obra apresenta, portanto, uma relação íntima com a natureza, pois a obra é viva.
WEAVER LIMA (CE)
O tempo é o agora. As pinceladas fortes, os ângulos precisos. Uma dança bem marcada entre as pessoalidades do autor e a ‘urbanicidade’ em que estamos inseridos. O artista cearense foge do cinza constante da capital solar e abre novas interpretações do cotidiano, de forma bem humorada nos extrai subjetividades e deslumbre.
WILFREDO PRIETO (Cuba)
A sua obra se refere mais ao mundo do que a própria arte. O mundo tanto no domínio espacial e temporal quanto no domínio linguístico. Reflexões sobre este mundo resultam em imagens fortes na mente desse jovem artista. Seu trabalho é simples não só pela escolha dos materiais, mas também do ponto de vista formal. Tal simplicidade não reduz, contudo, as possibilidades de significação de sua obra. Organizar o mundo, racionalizar o acaso, amadurecer as mangas... é a tarefa de Wilfredo Prieto.
SERGIO MEIRANA (Uruguai)
Utilizando o humor como matéria-prima, o artista Sérgio Meirana nos convida a refletir sobre condutas humanas. A obra representa o retrato do homem comum, imerso em um cenário aparentemente absurdo, mas que ganha sentido quando relacionado à problemática social do mundo contemporâneo. A personagem humana, anônima e multiplicada, dá um tom universal à obra e nos permite observar a ideia de um cotidiano saturado pela competitividade e pela despersonificação. É como um exército de homens sem rostos, talhados pelo sistema para serem iguais, fadados ao estrangulamento pela própria criação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário