Mostrando postagens com marcador Celular na sala de aula. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Celular na sala de aula. Mostrar todas as postagens

domingo, 11 de fevereiro de 2024

É CERTO PROIBIR CELULAR EM SALA DE AULA ?


Neste vídeo, eu usei celular na minha aula de forma didática para fazer 
com que meus alunos aprendam a utilizar IA de forma positiva. 


 Disciplinar sem excluir: eis o desafio da educação midiática

Isso fez com que o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PSD), assinasse um decreto proibindo o uso do celular nas escolas da rede municipal na última sexta-feira, 2 de fevereiro. A medida se aplica não apenas ao interior das salas de aula, mas a qualquer espaço ou tempo escolar, entre a primeira e última aulas, incluindo corredores e recreio. O uso pedagógico do dispositivo é uma das exceções para o uso, desde que autorizado pelo docente.

queixa dos professores sobre a dificuldade em fazer com que os estudantes se concentrem nas atividades pedagógicas propostas, com ou sem o uso do celular, é antiga. Com as plataformas digitais, sobretudo as redes sociais, o desafio parece ainda maior. Esses ambientes altamente sedutores contribuem para a dispersão de pessoas em qualquer idade, o que inclui crianças e adolescentes.

Dessa forma, a escolha pela proibição parece traduzir o desespero das redes de ensino frente ao desafio de disputar a atenção do aluno com os conteúdos audiovisuais divertidos e instantâneos nas redes sociais, que se estruturam na brevidade e no excesso informacional como estratégia para que as audiências se mantenham conectadas.

Se pensarmos que o distanciamento do dispositivo faz com que os estudantes reflitam melhor sobre suas condutas online, a proibição se justifica. De fato, é preciso haver medidas mais efetivas na redução de danos que a dispersão pelo uso excessivo do celular causa ao processo de ensino e aprendizagem e ao convívio na comunidade escolar. 

No entanto, essa proibição não pode ser um obstáculo à educação midiática dos estudantes. Em evento organizado pela Safernet e realizado nesta terça-feira, 6, para celebrar o Dia da Internet Segura no Brasil, muitos participantes destacaram a importância de preparar crianças e adolescentes para um uso seguro da internet, de modo que não sejam privados das oportunidades abertas pelas tecnologias digitais. 

Nesse contexto, Iain Drennan, diretor-executivo da WeProtect Global Alliance e um dos líderes da resposta internacional do Reino Unido ao abuso sexual infantil, defendeu esforços para que crianças e jovens “tenham experiências positivas online — isso vai além de simplesmente remover os danos; isso significa prepará-las para realmente aproveitar a experiência online”, afirmou em sua palestra.

Além dessa questão, é importante destacar que a exceção à proibição na rede carioca de ensino, que permite o uso dos celulares dos estudantes para fins pedagógicos, acaba por endossar a perspectiva de uso individual e privado dos aparelhos para a concretização da inclusão digital na escola.

Mas não é possível nos acomodarmos à ideia de que o celular pessoal do estudante, muitas vezes compartilhado com outras pessoas da família, deve ser um item do material didático, sem o qual não poderá acessar conteúdos escolares ou realizar atividades que os levem a refletir sobre o mundo digital e explorar recursos digitais com intencionalidade pedagógica. 

A solução não pode recair sobre o estudante e suas famílias. Especialmente em redes públicas de ensino que, ao menos em tese, já possuem aparelhos como tablets, justamente atentas a essas demandas.

Os desafios que perpassam o acesso de crianças e adolescentes à internet, sobretudo a partir dos celulares, na escola e em outros contextos, são inúmeros e complexos. É preciso, portanto, pensarmos a segurança de forma atrelada à construção de ecossistemas educativos que efetivamente beneficiem a aprendizagem, sem que isso viole a inclusão digital e a educação midiática dos estudantes.


* Bruno Ferreira, assessor pedagógico do Instituto Palavra Aberta