O Dia da Consciência Negra é uma data celebrada no Brasil no dia 20 de Novembro. Este dia está incluído na semana da Consciência Negra e tem como objetivo um reflexão sobre a introdução dos negros na sociedade brasileira.
O dia 20 de Novembro foi
escolhido como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, data na qual morreu, lutando
pela liberdade do seu povo no Brasil, em 1695. Zumbi, líder do Quilombo dos
Palmares, foi um personagem que dedicou a sua vida lutando contra a escravatura
no período do Brasil Colonial, onde os escravos começaram a ser introduzidos
por volta de 1594. Um quilombo é uma região que tinha como função lutar contra
as doutrinas escravistas e também de conservar elementos da cultura africana no
Brasil.
Em 2003, no dia 9 de
Janeiro, a lei 10.639 incluiu o Dia Nacional da Consciência Negra no calendário
escolar. A mesma lei torna obrigatória o ensino sobre diversas áreas da
História e cultura Afro-Brasileira. São abordados temas como a luta dos negros
no Brasil, cultura negra brasileira, o negro na sociedade nacional, inserção do
negro no mercado de trabalho, discriminação, identificação de etnias etc.
O que é ser negro no Brasil?
EXISTE RACISMO NO BRASIL? FAÇA O TESTE
DO PESCOÇO AQUI
Poucos se lembram: 19 de
novembro é o Dia Nacional de Combate ao Racismo. Um mapa da população negra no
mercado de trabalho, elaborado pelo Dieese, acaba de ser publicado pelo
Instituto Sindical Interamericano pela Igualdade Racial que, no Brasil, reúne a
CUT, a CGT e a Força Sindical.
No Brasil, os negros
trabalham mais e ganham menos que os brancos, têm carga horária maior, fazem
mais horas-extras e perdem seus empregos com mais facilidade. Em 1998, o
desemprego entre os negros era, em São Paulo, de 22,7%. Entre os brancos,
16,1%. Em nosso país, não se combate a discriminação racial com o mesmo empenho
com que se critica a injustiça social. Em âmbito nacional, a média salarial dos
brancos é de R$ 734. Dos negros, R$ 344.
O preconceito ao negro não
parte só de brancos e amarelos. Parte deles próprios. De cada 100 negros, 83
não assumem sua condição racial. Embora o Brasil seja a segunda nação negra do
mundo, depois da Nigéria, aqui só 44% da população (68 milhões) se declaram
negros. Há pelo menos 55 deputados negros na Câmara, que abriga 553
parlamentares. Mas só 25 se assumem como tal.
A abolição da escravatura
cometeu o erro de impedir o acesso do negro à terra. Por isso, no Brasil, a
terra é deles (ou "nostra"), dos imigrantes europeus, e não nossa. Os
descendentes de escravos ficaram duplamente marginalizados: por serem negros e
por serem pobres. Entre os 20% mais pobres da população brasileira, 69,2% são
negros.
De cada grupo de 2.000
crianças carentes, 1.600 são negras. Dados do IBGE indicam que 44% da população
brasileira é negra e ocupa apenas 5% das vagas na universidade. As chances de
um branco ingressar na universidade são de 43%. A do negro, 18%.
O mito da democracia
racial no Brasil cai por terra quando se constata que 73,45% das mulheres no mercado
de trabalho são negras, mas só 60% assalariadas. As demais trabalham em regime
semi-escravo ou como empregadas domésticas, sem carteira assinada, férias e
direitos assegurados. E não são raros os patrões que se dizem cristãos.
Na região metropolitana de
São Paulo, o tempo de procura de trabalho para desempregados com mais de 40
anos é de 57 semanas para o negro e de 50 semanas para os demais. O trabalhador
negro ocupa postos de trabalho mais precários e quando é assalariado sofre mais
a instabilidade no emprego. A jornada de trabalho do negro é de 44 horas
semanais, enquanto a dos não-negros é de 42 horas. Os afrodescendentes
ingressam mais cedo no mercado de trabalho e permanecem mais tempo.
Desde a Constituição de
1934, discriminação racial é crime no Brasil. Agora, inafiançável. Ainda assim,
são inúmeras as artimanhas para manter a discriminação. Basta ver nos jornais a
procura de funcionários "de boa aparência". Em muitas empresas, as
entrevistas se constituem no filtro da segregação. A lei deveria assegurar,
como critério objetivo, os testes de habilitação técnica/profissional.
Mulher Maravilha negra |
Na publicidade, são raros
os modelos negros, como o bebê da Parmalat, exceto rebolantes mulatas (termo
que vem de mulas). A linguagem trai nossa suposta ausência de preconceito, pois
nem nos lembramos que negro é raça e preto é cor. Com freqüência falamos ou
ouvimos dizer que "fulano denegriu", sem prestar atenção ao
significado do verbo denegrir.
Há uma peça de Jean Genet
na qual dois negros cessam o diálogo e começam a inspirar fundo, pressentindo
um odor estranho. Súbito, encaram a platéia e, um deles, exclama: "Já sei.
Isso é cheiro de branco".
A escola tem importante
papel no combate ao racismo. Não se trata de ficar na retórica sobre a
dignidade de todos os seres humanos. É preciso levar o estudante a refletir
sobre o modo como ele e sua família se relacionam com a cozinheira, a
faxineira, o porteiro do prédio, o manobrista, o camelô do semáforo ou a
criança que encosta o rosto na janela do carro, seja negro ou não.
Essa é a real paisagem do
Brasil. Uma criança (des)educada com o poder de gritar com a empregada pode,
amanhã, ser o adolescente que se sente no direito de queimar um índio vivo ou
disparar uma arma contra a platéia de um cinema. Então, será tarde demais, como
para os alemães que acreditaram na superioridade da raça ariana ou os militares
brasileiros que adotaram a tortura como método sistemático de repressão
política.
Texto: Frei Beto
AFROBETIZAR A EDUCAÇÃO BRASILEIRA É
LISTA DE FILMES PARA DEBATER SOBRE A
CONSCIÊNCIA NEGRA
- A NEGAÇÃO DO BRASIL
- AO MESTRE COM CARINHO
- FAÇA A COISA CERTA
- HISTÓRIAS CRUZADAS
- A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA
- MISSISSIPI EM CHAMAS
- QUANTO VALE OU É POR QUILO?
- O SOL É PARA TODOS
- A COR PÚRPURA
- MALCOLM X
- CONDUZINDO MISS DAISY
- AMISTAD
- AGOSTO NEGRO
- BESOURO
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