sexta-feira, 29 de setembro de 2023

A DESVALORIZAÇÃO DO PROFESSOR

 



O desenvolvimento tecnológico avança e, novamente, altera a nova dinâmica social, fundamentada nas interações pessoais, em grande velocidade e fluidez das informações. Nessa esfera surge o ciberespaço, espaço esse, de manipulação e nova mercadoria, a informação, que seduz e reproduz as desigualdades, acentuando as diferenças entre os donos do capital e os trabalhadores.

O uso das redes sociais faz parte do dia a dia, é um hábito rotineiro na vida das pessoas, para olhar o que foi publicado, comentar uma foto, compartilhar pensamentos, imagens e notícias.

As pessoas buscam nesse espaço, e cada dia mais, uma forma de existir, de expressar a realidade (ou não), de serem vistas, de observar sem se envolver (ou não), etc.

A Informação tornou-se uma mercadoria rentável e através das redes sociais chega facilmente e rapidamente a todos, independentemente da forma e do lugar, popularizando e se fazendo necessária.

Em meio a esse cenário encontra-se o professor, tendo sua profissão desvalorizada, sua remuneração muito abaixo de atender suas necessidades profissionais (busca de atualização e novas experiências) e as necessidades pessoais.

A desvalorização da educação e dos professores são fatos comuns nesse universo do instantâneo e do fugaz. As pesquisas sobre a realidade do professor colocam em evidência o que foi encontrado nas imagens captadas e que foi objeto dessa pesquisa e análise, elas são um esboço da realidade exposta em todos os níveis da educação.

Notou-se que dentre esses aspectos os mais frequentes são o desrespeito e desvalorização, a remuneração, a saúde do professor e as condições de trabalho manifestadas pelo excesso de trabalho, de alunos por sala, de exigências e condições de trabalho insuficientes. No que tange ao desrespeito e desvalorização pela profissão, percebeu-se nas imagens que esses profissionais são obrigados a responder por exigências que vão além de sua formação, sofrem cobranças e são responsabilizados pelo desempenho de seus alunos e por seu fracasso. Assumem ainda a grande responsabilidade de prepará-los para atender às necessidades do mercado.

Esse desprestígio afeta as relações entre professores, discentes, pais e muitas relações não são permeadas pelo respeito e pela cooperação. Os professores sofrem, ainda, com a perda de autonomia, mesmo possuindo capacidade intelectual para discernir sobre métodos, avaliações e planejamentos, são submetidos ao controle e não participam da concepção e organização de seu trabalho.

A perda da autonomia o coloca como mero executor de tarefas e há, portanto, um distanciamento do trabalhador com o fruto de seu próprio trabalho. Nesse sentido, os efeitos dessa situação resultam mudanças na forma como enxergam a profissão e o seu trabalho, sendo o sentimento de frustação e de baixa autoestima presentes em seus dias.

Para agravar a situação, mesmo diante de muitos entraves, idas e vindas, as mudanças na legislação trabalhista foram aprovadas, expondo ainda mais a precarização do trabalho, em especial pelo aumento da jornada de trabalho, pela nova forma de tratamento dos acordos e quanto às modalidades de contratação, etc.

O aumento da jornada expõe nitidamente os interesses do governo e dos donos do capital, que ao invés de gerar mais oportunidades de emprego, obrigam o funcionário a se dedicar mais horas no trabalho, o que ocasionará profissionais desgastados, aumento de fadiga e distanciamento das atividades sociais, essenciais para todos os seres humanos.

O enfraquecimento dos Sindicatos, responsáveis historicamente pelas lutas em relação aos direitos dos trabalhadores, exalta o interesse da elite de deixar o trabalhador mais vulnerável, e as relações entre trabalhadores e os donos do capital (patrões) mais desiguais, além de manifestar a evidente perda dos direitos historicamente batalhados e conquistados.

É bem provável que novas imagens apareçam para repercutir essas velhas e novas formas de precarização, e sirvam para propor outras formas de análise dos problemas políticos, econômicos e sociais presentes na sociedade.


A profissão clama por um sentido de valorização, em função da crescente desqualificação e fragmentação de seu trabalho que concorram para o fortalecimento da consideração do professor como um profissional com um valor social ressaltado.


Fonte: PERSPECTIVA
REVISTA DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
Volume 38, n. 3 – p. 01 – 20, jul./set. 2020 – Florianópolis

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