segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Morre Eric Hobsbawm, um dos maiores historiadores do século 20.



Autor de obras como "A Era das Revoluções" e "A Era dos Extremos" tinha 95 anos e estava internado em hospital para tratar pneumonia
O historiador britânico Eric Hobsbawm morreu em Londres aos 95 anos, segundo divulgaram seus familiares família nesta segunda-feira.
A filha de Hobsbawn, Julia, disse que seu pai morreu no início da manhã no Royal Free Hospital, onde tratava uma pneumonia.
"Sua ausência será imensamente sentida não só por sua esposa de mais de 50 anos, Marlene, por seus três filhos, sete netos e bisnetos, mas também por muitos leitores e estudantes ao redor do mundo", informou um comunicado da família.
O intelectual é considerado um dos maiores historiadores do século 20 e escreveu "A Era das Revoluções" , "A Era do Capital" , "A Era dos Impérios" , "A Era dos Extremos" , traduzido em 40 línguas.
De família judia, Hobsbawm nasceu na cidade de Alexandria, no Egito, em 1917, o mesmo ano da Revolução Russa, que representou a derrocada do czarismo e o início do comunismo no país.
Não por coincidência, a vida do historiador e seus trabalhos foram moldados dentro de um compromisso duradouro com o socialismo radical.

O pai de Hobsbawm, o britânico Leopold Percy, e sua mãe, a austríaca Nelly Grün, mudaram-se para Viena, na Áustria, quando o historiador tinha dois anos e, logo depois, para Berlim, na Alemanha. Hobsbawm aderiu ao Partido Comunista aos 14 anos, após a morte precoce de seus pais. Na ocasião, ele foi morar com seu tio.
Em 1933, com o início da ascensão de Hitler na Alemanha, ele e seu tio mudaram-se para Londres, na Inglaterra. Após obter um PhD da Universidade de Cambridge, tornou-se professor no Birkbeck College em 1947 e, um ano depois, publicou o primeiro de seus mais de 30 livros.
Hobsbawm foi casado duas vezes e teve três filhos, Julia, Andy e Joshua.
Na década de 80, Hobsbawm comentou sobre sua fuga da Alemanha. "Qualquer um que viu a ascensão de Hitler em primeira mão não poderia ter sido ajudado, mas moldado por isso, politicamente. Esse garoto ainda está aqui dentro em algum lugar - e sempre estará".

Obra 

Entre as obras mais conhecidas de Hobsbawm, estão os três volumes sobre a história do século 19 e "Era dos Extremos", que cobriu oito décadas da Segunda Guerra Mundial ao colapso da União Soviética.
Já como presidente do Birkbeck College, ele publicou seu último livro, "Como mudar o mundo - Marx e o marxismo 1840-2011", no ano passado. O historiador afirmou que ele tinha vivido "no século mais extraordinário e terrível da história humana".
Marxista inveterado, ele reconheceu a derrocada do comunismo no século 20, mas afirmou não ter desistido de seus ideais esquerdistas.
Em abril deste ano, Hobsbawm disse ao colega historiador Simon Schama que ele gostaria de ser lembrado como "alguém que não apenas manteve a bandeira tremulando, mas que mostrou que ao balançá-la pode alcançar alguma coisa, ao menos por meio de bons livros".




Amante do Jazz

 Hobsbawm era, além de admirador de Marx, um apaixonado pelo jazz. Durante anos foi o crítico de jazz da revista progressista New Statesman, sob o pseudônimo de Francis Newton - em homenagem ao trompetista comunista de Billie Holiday -, e escreveu um livro sobre o estilo.


” A única generalização cem por cento segura sobre a história é aquela que diz que enquanto houver raça humana haverá história.” Eric Hobsbawm







3 comentários:

  1. "Marxista inveterado, ele reconheceu a derrocada do comunismo no século 20, mas afirmou não ter desistido de seus ideais esquerdistas."

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  2. Eric Hobsbawm sempre foi pra mim e ainda é uma grande inspiração um cara que deu sua contribuição a história e ao comunismo, um exemplo. Uma perda irreparável.

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  3. Concordo com você Pierre. É uma perda irreparável. Outro Hobsbawm tá difícil.

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