Na ordem: Catariana de Aragão, Ana Bolena, Jane Seymour, Anna von Cleves, Catherine Howard e Catherine Parr |
O texto a seguir foi
publicado inicialmente em outubro de 2011 no blog da Escola de Referência em
Ensino Médio Prof. Trajano de Mendonça (em Recife, na rede estadual de
Pernambuco) dando sequência à abordagem feita em sala e após a exibição do
filme "A Outra", que narra - com algumas distorções e liberdade da
"licença poética" - fatos em torno da situação da dissolução do
casamento do rei inglês Henrique VIII e sua primeira esposa, Catarina de
Aragão, em favor de um novo e caótico casamento com Ana Bolena. Valeria a pena
a reprodução do texto aqui também.
O rei Henrique VIII não parecia um galã de cinema. Ele era obeso e tinha
vários problemas de saúde, embora fosse mesmo bem mulherengo. Ele casou
inicialmente com a princesa espanhola Isabel de Aragão, que era viúva de seu
irmão mais velho, Arhur. Com a morte de Arthur, Henrique passou a ser herdeiro
do trono e acabou casando em 1509 com a cunhada para manter a aliança política
entre a Inglaterra e a Espanha, após uma complicada negociação entre os dois
países.
Esperava-se logo que a
rainha desse ao rei um herdeiro, porém, mesmo que Catarina tenha engravidado
várias vezes (pelo menos sete), a única filha a sobreviver foi a princesa
Maria. Henrique teve amantes e até filhos ilegítimos enquanto estava casado com
Catarina. Entre as amantes estavam as irmãs Bolena: Maria e Ana. Com esta
última, a relação acabou indo além de um caso, pois em 1533 ela foi feita
esposa de Henrique e rainha da Inglaterra após a anulação do casamento entre o
rei e Catarina, num conjunto de fatos que levou ao rompimento entre a monarquia
inglesa e a Igreja Católica, acontecimento importantíssimo para o andamento das
reformas religiosas que ocorriam naquela época e que desenvolveram o chamado
Movimento Protestante. Além das questões políticas, um dos resultados deste
rompimento foi a criação da Igreja Anglicana, chefiada pelo rei.
Mas o casamento de Ana
Bolena e Henrique VIII não foi nenhuma história de conto de fadas. Ambos tinham
temperamentos complicados e a relação foi tumultuada por vários motivos, tais
como o fato de Ana não ter gerado um menino. Ela deu a luz a uma menina,
Elizabeth, e sofreu dois abortos. Além disso, o rei já andava tendo mais um
caso extraconjugal com a cortesã Jane Seymour, irritando profundamente a rainha
Ana. Em 1536, a “casa caiu” para Ana e a situação complicou-se mesmo quando ela
passou a ser tratada com profunda desconfiança pelo rei e por seus
conselheiros. Ela foi enfim acusada de bruxaria (supostamente para seduzir e
casar com o rei), de adultério (supostamente com cinco amantes), de incesto
(por ter supostamente tido relações sexuais com o próprio irmão, o Visconde de
Rochford), de conspiração contra o rei. Muitas das pessoas associadas a rainha
Ana foram condenadas a morte e ela foi executada por decapitação.
Henrique não passou muito
tempo viúvo. Ficou noivo de Jane Seymour no dia seguinte à execução de Ana
Bolena. O casamento ocorreu pouco tempo depois e a agora rainha Jane acabou
realizando no ano seguinte o grande sonho do rei, dando a luz ao príncipe
Eduardo. Nesta ocasião, Maria e Elizabeth, filhas de Henrique com as esposas
anteriores foram retiradas da sucessão, ou seja, não eram mais herdeiras do
trono. Mas se você pensa que tudo ficou bem para Henrique engana-se
redondamente, pois Jane morreu após o parto! Isso mesmo: foi o fim do terceiro
casamento do rei!
Em 1540 Henrique voltou a
se casar. Foi um casamento arranjado e desta vez a “sortuda” foi a nobre alemã
Anna von Cleves, irmã de um importante aliado do rei da Inglaterra. Henrique
não sentiu muita atração por ela e o casamento durou pouco tempo, sendo anulado
depois que o rei e a nova rainha declararam que o matrimônio não foi consumado,
ou seja, não tiveram relações sexuais para definir os laços entre o casal.
Desta vez a ex-esposa não acabou em uma situação difícil, pois o próprio
Henrique decretou que ela seria reconhecida como sua irmã e passaram a ter uma
cordial relação de amizade.
Henrique voltou ao altar
no mesmo ano com a jovem Catherine Howard. Comentavam que a nova espora do rei
teve uma vida bastante agitada fora da corte e que mesmo após ser consagrada
rainha, vivia rodeada por alguns de seus antigos amantes e que andava traindo o
rei. Os comentários transformaram-se em acusações e o resultado não foi outro
senão a execução da rainha! Detalhe: ela era prima de Ana Bolena!!!
Você já deve ter perdido
as contas, mas Henrique VIII realmente era chegado a um casamento. E não é que
ele casou de novo em 1543... e pela sexta vez! A “felizarda” então foi a
riquíssima dama Catherine Parr. Ela era viúva de um importante nobre e diziam
até que era mais rica que o próprio rei. A rainha Catherine era também muito
culta e articulada, influindo na reconciliação entre o rei e suas filhas Maria
e Elizabeth.
Na ordem: Catariana de Aragão, Ana Bolena, Jane Seymour, Anna von Cleves, Catherine Howard e Catherine Parr |
Bem, além de casamentos,
Henrique também era chegado em outras coisas, como, por exemplo, perseguir
inimigos e críticos. A lista de pessoas executadas sob suas ordens é imensa e
as razões são muito variadas. Ele executou desde rebeldes a pessoas íntimas e
amigas. O negócio era mesmo mostrar que mandava e manter o controle sobre a
situação, afinal, estamos aqui nos referindo a um grande expoente do
absolutismo monárquico. Nem mesmo o papa mantinha controle sobre o rei, pois
isso ficou bem claro quando Henrique VIII definiu o rompimento com a Igreja
Católica. O rei envolveu-se em guerras, em tramas bem complexas e atém promoveu
atos de verdadeira tirania. Também promoveu desenvolvimento para seu país, pois
decidiu investir na fabulosa marinha mercante inglesa, tornando o reino uma
potência comercial pronta para futuros avanços.
Com o passar dos anos,
Henrique foi ficando cada vez mais obeso e sua saúde foi se agravando mais. O
rei tinha muitas dificuldades para se locomover e parecia ir perdendo o ânimo
até que acabou morrendo aos 55 anos de idade, em janeiro de 1547.
O que ocorreu com a
Inglaterra após a morte do poderoso monarca?
Eduardo IV
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Segundo a linha
sucessória, o herdeiro do trono era o príncipe Eduardo, mesmo sendo o caçula.
Ocorre que o jovem príncipe tinha apenas 9 anos na ocasião, tendo um grupo de
notáveis chefiados por um irmão de sua mãe como seus tutores. Coroado muito
jovem, Eduardo VI também governou pouco tempo, pois morreu de tuberculose em
julho de 1553. Após sua morte, a dinastia teve sequência com a filha mais velha
de Henrique VIII, Maria I, que foi apoiada pela população e superou um golpe
que tentou impedir sua coroação.
O reinado de Maria foi
tenso, pois ela era católica fervorosa e não havia aceitado o rompimento que
seu pai realizou com a Igreja. Ela casou com o poderoso rei da Espanha, Filipe
II, que era aliado do papa. O casamento com um rei estrangeiro e católico fez
com que a popularidade da rainha acabasse e isso ainda foi pouco, pois Maria
promoveu perseguições aos protestantes e recebeu um apelido nada simpático:
Bloody Mary (“Maria Sanguinária”). Influenciada por Filipe, Maria envolveu a
Inglaterra numa guerra contra a França e saiu-se derrotada, agravando ainda
mais os ânimos da população.
Maria I
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A rainha foi ficando
também perturbada e até sentiu gravidez psicológica [clique aqui e saiba o que
é isso] – e logo duas vezes – tendo feito um testamento nomeado o marido
espanhol herdeiro do trono enquanto seu filho inexistente fosse menor e ela
viesse a morrer no parto! Seu estado mental foi ficando cada vez mais grave e a
rainha foi se isolando, assumindo um comportamento sombrio, deprimente e – para
muito – ficando louca. Ela morreu em novembro de 1558.
Por fim, a segunda filha
de Henrique VIII - justamente a filha da polêmica Ana Bolena - acabou sendo
coroada rainha. Era Elizabeth I passou a ser a maior representante da dinastia
e transformou a Inglaterra na grande potência do mundo a partir daquela fase da
Idade Moderna. Elizabeth I é outra grande e ilustrativa figura do absolutismo,
mas ela merece mais comentários em outra ocasião.
Elisabeth I |
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