O que é a Crimeia?
A Crimeia é uma
república autônoma da Ucrânia, localizada em uma península no Mar Negro. A
região já pertenceu à Rússia, e foi anexada pela Ucrânia em 1954 – o então
líder soviético Nikita Khrushchev, que era de origem ucraniana, deu a região
como presente. Diferente do resto da Ucrânia, a maioria da população na região
é de origem russa.
Como teve início a
crise na região?
No final de 2013, o
então presidente ucraniano Viktor Yanukovich desistiu de assinar um tratado de
livre-comércio com a União Europeia, preferindo estreitar relações comerciais
com a Rússia. A decisão deu origem a protestos massivos, que resultaram, em
fevereiro, na destituição de Yanukovich, que fugiu para a Rússia.
Na Crimeia, de maioria
russa, o parlamento local foi dominado por um comando pró-Rússia, que nomeou
Sergei Axionov como premiê. Esse novo governo, considerado ilegal pela Ucrânia,
aprovou sua adesão à Federação Russa e a realização de um referendo sobre o
status da região no dia 16 de março. Posteriormente, o Parlamento se declarou
independente da Ucrânia - sendo apoiado por russos e criticado por ucranianos.
Qual o papel da Rússia
na crise?
Com a intensificação
das tensões separatistas, o Parlamento russo aprovou, a pedido do presidente
Vladimir Putin, o envio de tropas à Crimeia para “normalizar” a situação.
Tropas sem
identificação, mas claramente russas – algumas em veículos com placas
registradas na Rússia – tomaram a Crimeia, dominando bases militares e
aeroportos. A Rússia justificou o movimento dizendo se reservar o direito de
proteger seus interesses e os de seus cidadãos em casos de violência na Ucrânia
e na região da Crimeia.
A escalada militar fez
com que diversos oficiais do exército ucraniano se juntassem ao governo local
pró-russo. Outros abandonaram seus postos. No dia 4 de março, o novo governo da
Crimeia anunciou que assumiu o controle da península, e deu um ultimato para
que os últimos oficiais leais à Ucrânia se rendessem.
Segundo a Ucrânia, mais
de 30 mil soldados russos já foram enviados à região. Os Estados Unidos estimam
o efetivo russo na região em 20 mil militares. A Rússia nega ter efetivo
militar na região superior ao de seu posto fixo em Sebastopol.
Qual o interesse russo
na Crimeia?
Para muitos russos, a
Crimeia e sua "Cidade Heroica" de Sebastopol, da era soviética,
sitiada pelos invasores nazistas, têm uma ressonância emocional muito forte,
por já ter sido parte do país e ainda ter a maioria de sua população de origem
russa.
A península fica em uma
área estratégica do Mar Negro, muito próxima do sudoeste da Rússia. A maior
parte da frota russa no Mar Negro está na Crimeia, com um quartel-general na
cidade ucraniana de Sebastopol.
Para a Ucrânia,
independente da Rússia desde o colapso da União Soviética em 1991 e em meio a
uma crise econômica, a perda da Crimeia seria um enorme golpe.
Qual a reação do
governo da Ucrânia?
O novo governo
ucraniano, pró-União Europeia, criticou os movimentos separatistas e
classificou a aprovação de intervenção militar russa como uma declaração de
guerra. Logo em seguida, o governo convocou todas suas reservas militares para
reagir a um possível ataque russo.
O país também pediu
apoio do Conselho de Segurança da ONU para frear a crise na península e
defender sua integridade territorial.
Para o governo da
Ucrânia, o Parlamento da Crimeia é ilegal e não tem legitimidade para declarar
independência. Kiev também não reconheceu o resultado do referendo, que aprovou
a reintegração a Moscou, nem do tratado assinado entre Crimeia e Rússia
confirmando a adesão.
Qual a reação dos
países ocidentais?
Os Estados Unidos e
outros países ocidentais exigem que a Rússia recuasse suas tropas na Crimeia.
Os EUA também ameaçaram a Rússia com sanções, suspenderam as transações
comerciais com o país e cancelaram um acordo de cooperação militar com Moscou.
Outros países do
ocidente pressionaram a Rússia por uma saída diplomática. A escalada de tensão
também levou a uma ruptura entre as grandes potências, com o G7 condenando a
ação e cancelando uma reunião com o governo de Moscou.
EUA e União Europeia
realizaram sanções contra indivíduos russos e ucranianos envolvidos no
processo, que tiveram seus bens no exterior congelados e foram impedidos de
entrar nos EUA e na UE. A Rússia respondeu com sanções contra integrantes do
governo norte-americano.
Em meio à crise, a
Comissão Europeia divulgou um plano de ajuda de pelo menos € 11 bilhões para a
Ucrânia. Os EUA também anunciaram um pacote de assistência técnica e econômica
ao país em uma demonstração de apoio ao novo governo, no valor de US$ 1 bilhão.
O que pode acontecer?
Analistas
internacionais acreditam que a solução para o problema deve ocorrer por via
diplomática.
A Ucrânia não é
oficialmente membro da Otan – em 1997, o país assinou um acordo em que se
tornou um aliado extra-Otan e membro não-permanente da organização. Por isso,
analistas não acreditam que a Otan possa entrar em guerra com a Rússia pela
Ucrânia.
Qualquer ação militar
ocidental direta arriscaria uma guerra entre as superpotências nucleares.
Relativamente pequena e com arsenal reduzido, as forças da Ucrânia poderiam
agir, mas correriam o risco de incitar uma invasão russa muito mais ampla que
poderia dominar o país.
A Rússia pode cortar o
fornecimento de gás para a Europa, cujos gasodutos passam pela Ucrânia, e
acredita-se que o país tenha capacidades de ataque cibernéticos sofisticados
que poderiam ser usadas contra a Ucrânia ou o Ocidente.
DICA DA PROFESSORA ISABEL AGUIAR – Como pode cair no vestibular? |
O vestibulando deve concentrar seus estudos na Guerra Fria. “Os conflitos entre EUA e Rússia, além do fato de a Crimeia ter sido cedida à Ucrânia em 1954, período significativo da Guerra Fria, trazem à tona esse período da história e tem grandes chances de ser revivido no vestibular. É importante manter o foco em questões da Guerra Fria que envolvem a Ucrânia, como o Memorando de Budapeste e a situação do país no pós-queda da União Soviética. Os exames também podem cobrar a questão da perda de influência da Rússia e como ela pode estar tentando recuperá-la com a questão territorial da Crimeia. |
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