A escalada de violência
que começou em junho deste ano entre Israel e palestinos é o terceiro conflito
do tipo desde a tomada da Faixa de Gaza pelo grupo islâmico Hamas, em 2007.
As raízes do confronto são
antigas. Ao longo dos anos, ambos os lados foram ampliando as demandas para uma
paz definitiva. Entenda as exigências históricas e os argumentos de cada lado
do confronto:
MOTIVOS DE ISRAEL
- O país afirma
categoricamente que o Hamas é o responsável pelo sequestro e assassinato dos
três adolescentes israelenses em 12 de junho.
- O Hamas não só atira
foguetes de Gaza para o lado israelense, como também aumentou seu arsenal, que
agora pode atingir o centro de Israel como nunca antes. Israel considera que
não pode ficar parado em relação à situação.
- Israel alega que o Hamas
esconde militantes e armas em locais residenciais em Gaza, por isso é
necessário atacá-los, mesmo que isso signifique que civis estejam entre as vítimas.
- Para Israel, o Hamas é
um grupo terrorista que não reconhece a existência do Estado de Israel e não
aceita se desarmar.
MOTIVOS DOS PALESTINOS
- Um adolescente palestino
foi sequestrado e morto em Jerusalém. A autópsia indicou que ele foi queimado vivo.
Israel prendeu seis judeus extremistas pelo assassinato do garoto palestino, e
três dos detidos confessaram o crime.
- A maioria dos palestinos
considera o controle israelense sobre a Faixa de Gaza abusivo e a situação
humanitária insustentável. Os moradores dependem de Israel para ter
eletricidade, água, meios de comunicação e até moeda.
- Nos confrontos entre
Israel e o Hamas, a força de ação do exército israelense é desproporcionalmente
maior. Em todos os confrontos até agora, o número de mortes do lado palestino
foi muito maior.
- Israel deteve centenas
de militantes do Hamas em sua grande busca na Cisjordânia pelos três
israelenses sumidos no mês passado.
Veja abaixo perguntas e
respostas sobre o conflito
atual no Oriente Médio:
Como começou o confronto?
A mais recente escalada de
violência começou com o desaparecimento de três adolescentes israelenses na
Cisjordânia. Israel acusou o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, do sequestro.
O grupo islamita não confirmou nem negou envolvimento. Israel deslocou soldados
para a área da Cisjordânia e dezenas de membros do Hamas foram detidos.
Foguetes foram disparados da Faixa de Gaza contra Israel.
Os corpos dos três jovens
foram encontrados em 30 de junho, com marcas de tiros. A tensão aumentou, com
Israel respondendo aos disparos feitos por Gaza. No dia seguinte, um
adolescente palestino foi sequestrado e morto em Jerusalém Oriental. A autópsia
indicou que ele foi queimado vivo.
Israel prendeu seis judeus
extremistas pelo assassinato do garoto palestino, e três dos detidos
confessaram o crime. Isso reforçou as suspeitas de que a morte teve motivação
política e gerou uma onda de revolta e protestos em Gaza.
No dia 8 de julho, após um
intenso bombardeio com foguetes contra o sul de Israel por parte de ativistas
palestinos, a aviação israelense iniciou dezenas de ataques aéreos contra a
Faixa de Gaza. Os militantes de Gaza responderam aos ataques, disparando
foguetes contra Tel Aviv. Após os bombardeios, Israel decidiu atacar Gaza por
terra.
Por que Israel ataca a
Faixa de Gaza com foguetes?
O ponto de vista
israelense é de que o Hamas cresceu acostumado a lançar foguetes e nenhum país
pode tolerar isso. Não fazer nada não é uma opção e atacar fortemente o grupo é
a maneira que o governo enxerga de conseguir garantir sua paz. O Estado justifica
a morte de civis nos bombardeios como fatalidades e culpa o Hamas por esconder
militantes e armas em locais civis.
Como informa agência
Associated Press, Israel afirma se esforçar para minimizar os "efeitos
colaterais" ao emitir sinais de alerta para moradores e antecipar ataques
grandes com bombas pequenas. Além disso, os israelenses veem o Hamas como um
inimigo mortal que não pode ser tolerado e, devido a suas bases radicais
islâmicas, há pouca chance de diálogo.
Como o Hamas assumiu o
controle da Faixa de Gaza?
Como convivem os
habitantes da Faixa de Gaza com a situação?
Para os palestinos, a
situação em Gaza é insustentável. Desde a tomada do poder pelo Hamas, Israel
impede a passagem por terra no norte e leste, e pelo mar a oeste, bloqueando
também as viagens aéreas. O Egito completa o cerco com um controle pesado das
fronteiras com a Faixa de Gaza no sul. A região de 1,7 milhões de pessoas está
lotada de favelas em um território de menos de 35 km de extensão e com poucos
quilômetros de largura.
Para muitos palestinos,
até mesmo os que não apoiam o Hamas, os meios não convencionais como foguetes
contra os que eles enxergam como causadores de seus tormentos é uma resposta
considerada aceitável. Com o fracasso dos últimos 20 anos de negociações de paz
para conseguir formar um Estado independente palestino, alguns temem que a
ocupação da Cisjordânia pode ser permanente e o que se tem é um cenário de
desânimo e desespero.
Os israelenses apoiam os
ataques a Gaza?
Há muita divisão em
Israel, e é difícil falar em um "ponto de vista israelense" - mas
isso não se aplica ao Hamas e a seus foguetes. Essa é uma oportunidade única
para o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Muitos israelenses se opõem às
suas políticas em relação aos palestinos em geral, e alguns realmente abominam
seu apoio a novos assentamentos judaicos na Cisjordânia. Mas a vasta maioria
dos israelenses não confia e se opõe ao Hamas - autores de vários ataques
suicidas contra civis e detratores dos esforços de paz feitos pelos palestinos
moderados. Para Netanyahu, cada derrota do Hamas é uma chance de popularidade.
O Mundo Árabe apoia o
Hamas?
A Autoridade Palestina
recentemente propôs um governo conjunto com o Hamas, mas a animosidade com o
grupo secular Fatah, do presidente Mahmoud Abbas, foi mais profunda. O Hamas
não aceita as condições propostas pela comunidade internacional para ser um
ator global legítimo: reconhecer Israel, aceitar os acordos anteriores e
renunciar à violência.
Os ataques israelenses são
desproporcionais?
Muitos acreditam que o
Hamas pouco se esforça em não provocar Israel. A opinião pública importaria
menos na Faixa - que não é verdadeiramente uma democracia - do que em Israel e
é pouco provável um cenário em que o Hamas seja derrubado pela população no
momento.
*Com informações das
agências Associated Press, Reuters e AFP.
Fonte: http://g1.globo.com/
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