Fachada do colégio |
O Blog da Professora Isabel Aguiar presta uma homenagem ao aniversário de 80 anos do Seminário Seráfico Nossa Senhora do Brasil que mantém o Colégio Seráfico Nossa Senhora do Brasil. Para mim é uma alegria compartilhar com todos vocês essa história, tendo em vista que sou professora desta instituição de ensino, além disso, meu irmão estudou lá, eu fiz a minha primeira comunhão na Igreja do convento e meu local de votação é no referido espaço.
Cumprindo meu papel de historiadora, procurei saber um pouco da história de como surgiram os primeiros conventos de formação de seminaristas da Igreja Católica e em seguida falo um pouco da caminhada do Seminário Seráfico junto ao povo de Messejana que vem a contribuir com a educação e a propagação da fé católica entre os moradores do bairro.
Pesquisando sobre o tema, encontrei um documento importante. A estudante de mestrado Katiane Maciel Pereira nos trás em sua dissertação intitulada: "MESSEJANA DA EDUCAÇÃO: a ação educacional da Igreja Católica na produção espacial (século XX)" muitas informações enriquecedoras a cerca do tema.
COMO TUDO COMEÇOU
(1909)
Foto de autor não identificado
(Os quatro primeiros frades Capuchinhos
Italianos em MANAUS-BRASIL)
|
A
Igreja Católica, ao longo de sua história, traçou projetos que viabilizam a manutenção
do seu poder político, cultural e econômico. Entre suas ações, existe a
formação de intelectuais, cujo objetivo é a defesa dos ideais desta instituição.
Desde o século XIX, a Igreja preocupou-se com a formação de um catolicismo
conservador no Brasil, que visava a minar um catolicismo popular que aqui se
formava. Uma das práticas tomadas pela Igreja Católica versou na constituição
de numerosos grupos escolares e seminários no País. É preciso difundir e
compreender que os estudos dos aspectos socioculturais têm tanta importância
como qualquer outro elemento, para se compreender e interpretar a conquista
histórica do espaço geográfico. Sendo assim, as pesquisas sobre o tema tentam aliar as temáticas sobre religião,
espaço e educação, envolvendo as ações instrucionais da Igreja Católica, na
qualidade de agente (re) produtor de determinadas condições sociais, à medida que
esta se apropria, organiza, produz e reproduz o espaço ao seu redor.
Com o objetivo
central de analisar a conformação do espaço de Messejana, mediante a instalação
de escolas confessionais, buscou-se o entendimento do papel sociocultural desempenhado
por estas instituições de ensino no referido Distrito. Ao longo de sua
história, Messejana foi fortemente orientada pela religião Católica que marca
sua presença desde o período jesuítico. Um dos principais marcos do Distrito é
sua centenária Igreja-Matriz de Nossa Senhora da Conceição, ao redor da qual
Messejana cresceu.
A atuação da Igreja Católica reflete na organização do
espaço como um agente social (por muitas vezes eficiente) capaz de interferir
na produção e consumo deste espaço. Com efeito, o estudo da religião e da
história da educação no Ceará servirá de arcabouço teórico para asseverar o
potencial transformador deste agente produtor do espaço.
A CHEGADA DOS CAPUCHINHOS EM MESSEJANA
Foto: Google imagens |
A primeira congregação a
se instalar em Messejana no século XX foi a Ordem dos Capuchinhos.
Em Messejana, estão localizados a Casa/Sede Geral das Irmãs
Capuchinhas, noviciado, Casa das Irmãs idosas, Convento e Instituto Frei João Pedro
de Sexto. Também estão presentes os Capuchinhos da Província de São
Francisco das Chagas (do Ceará e Piauí). Esta foi a primeira a instalar um
seminário e escola em Messejana. Trata-se do Seminário Seráfico Nossa
Senhora do Brasil. Segundo Moraes (2000), os
missionários capuchinhos, que atuam em Messejana, são
originários dos capuchinhos lombardos.
UM POUCO DA HISTÓRIA DO COLÉGIO
visão geral do colégio, convento e capela |
Os
frades capuchinhos, tendo a necessidade de instalação da ordem no
Ceará e Piauí, procuravam um lugar calmo e retirado para aí instalar um Seminário.
Aproveitando-se da relação histórica de Messejana com a religião católica, da
sua relativa proximidade com o centro de Fortaleza, do ambiente calmo e verde,
com grandes espaços para a expansão do seminário e que permitiria a instalação
de outras congregações, tornaram esta uma área atrativa para a referida Ordem.
Em
1934, foi inaugurado o Seminário Seráfico de Messejana, embora
tendo sido concluído apenas anos depois. Entre 1945 e 1965, o Seminário
de Messejana educou turmas de crianças e jovens, oscilando entre 70 e 90
seminaristas ao ano. No ano de 1969, o Seminário passou a admitir alunos de
fora para estudar com os seminaristas. Entre 1970-1972, foram admitidos alguns
alunos internos não vocacionados, mas que aceitavam a disciplina do Seminário.
Segundo
Frei Paulo, ex-Diretor do Colégio Seráfico, o Seminário foi criado
inicialmente para a formação de frades, porém, ao longo dos anos, em razão das
modificações internas da própria Igreja, dada a nova conjuntura que se
apresentava (as determinações do Concilio Vaticano II), na década de 1960 e
1970, o foco de atuação do Seminário foi ampliado.
Em
1974, foi feito o primeiro convênio com a Secretaria de Educação do Município
e, em 1976, com o Ministério da Educação – MEC.
Neste
sistema, a escola cedia o espaço e o Município participava com o
fornecimento
dos funcionários, equipamentos (televisão para o tele ensino, material
didático, e merenda escolar), porém a administração, a direção da escola ficava
sob o controle dos frades franciscanos.
Em
1976, o colégio passou a funcionar com classes mistas. Os seminaristas
estudam com alunos e alunas de fora do Seminário.
Em
1998, com a retirada do convênio, o Seminário Seráfico entrou em
severa crise. A retirada do convênio levou à perda dos professores, merenda
escolar, material didático e de escritório. Segundo Frei Paulo, a retirada
do convênio “causou uma grande dificuldade, primeiro que nós não éramos acostumados
a administrar a escola com nosso próprio dinheiro, outra, nós não somos
educados para a educação, nós somos formados para a catequese” (FREI PAULO,
Colégio Seráfico, 05/03/2010). De acordo, com o Sacerdote, os próprios frades
tiveram num primeiro momento que assumir a sala de aula.
Desde
então, a escola passa por uma reestruturação, tendo voltado à
condição de escola particular totalmente gerida pelos frades capuchinhos, tendo
como referência pedagógica e administrativa o Colégio Pio X, localizado no
centro da Cidade , extinto em 2006. A primeira gestão da instituição coube ao
Frei Benjamim de Bergamo, seguida por outros frades que por ela passaram.
Atualmente, o Colégio Seráfico é administrado por Frei Benedito Braga filho, assessorado por uma equipe de profissionais leigos que tratam
da gestão, tanto administrativa como técnica e educacional da instituição.
Em
2001, por orientação do Conselho de Educação, muda o nome de
Seminário Seráfico Nossa Senhora do Brasil para Colégio Seráfico Nossa Senhora
do Brasil. Segundo a direção, o Colégio Seráfico oferece aulas do ensino
fundamental ao pré-vestibular e tem como propostas básicas as seguintes:
1
– ter uma proposta de vida fundamentada na ética cristã, que ofereça
respostas
aos desafios dos tempos atuais e dos novos tempos;
2
– proporcionar a organização de eventos e atividades escolares, atuando
neles
de forma cooperativa, participativa e integrada;
3
– favorecer um ambiente fraterno, alegre, em um clima de reciprocidade e confiança;
e
4
– promover conhecimentos, saberes atualizados, contextualizados e críticos, numa
relação interdisciplinar que favoreça ao educando situar-se no mundo e ser
capaz de fazer a sua síntese, integrando ciência, fé e valores morais e espirituais.
O
Colégio Seráfico oferece aulas de catecismo sob a coordenação da
Srª. Dinamar Albuquerque (chamada carinhosamente de Tia Dina) para seus alunos, além de confissão e preparação para
o Crisma. São promovidos encontros semanais para leitura e reflexão dos textos
bíblicos.
Como
podemos observar, o Colégio Seráfico Nossa Senhora do Brasil
mantém uma posição comum às escolas confessionais católicas: ensinar os dogmas
e as práticas do catolicismo aos seus alunos, buscando envolver toda a família
na educação cristã que pretende colher como resultado pessoas seguidoras da
doutrina católica como forma de manter a religião.
A
escola possui ambientes calmos e silenciosos (na maior parte do tempo). Os alunos
são orientados a caminhar com delicadeza, não sendo permitido retirar-se da
sala de aula sem autorização do professor.
Quanto
as atividades extraclasse – catecismo, reuniões de Crisma, missas, grupo de
jovens – são oferecidas a todos os alunos. Não existe imposição, pois aceita
estudantes que não são adeptos da religião católica; mas Frei Paulo assevera
que :
[...]
Nós não podemos deixar de falar e trabalhar a nossa
mística.
Eu aqui não deixo, não permito um aluno meu ficar
sem
assistir a missa mensal da escola, pode ser da religião
que
ele for, mas ele tem a obrigação de estar na celebração.
Por
que a celebração eucarística da escola é um momento
também
educativo, formativo para eles. Se lá ele tiver rezando
para
o Deus dele em quem ele acredita para mim não é
problema
mais ele tem que estar naquele momento ali junto
com
os outros. Eu não abro mão disso. (FREI PAULO, Colégio
Seráfico,
05/03/2010).
No
final de 2009, a escola se associou à Rede Católica de Ensino (RCE). A partir
de 2010, todo o material didático, incluindo agenda, livros didáticos, material
de vídeo e áudio, além de material para capacitação de professores, passou a
ser adquirido por meio da produção da Rede Católica de Ensino – RCE.
Com
relação a estrutura física, o colégio conta ainda com a casa de repouso, onde estão
instalados os frades idosos.
Entre
as ações desta escola na comunidade, temos que ela desenvolve projetos sociais,
envolvendo interação da comunidade escolar com seu entorno. Trata-se do projeto
“Recriando o Espaço Sócio Educativo do Bairro
de Messejana: um projeto de intervenção e responsabilidade social do Colégio
Seráfico”. Segundo descrito no site da própria escola, este projeto visa à
criação de espaços socioeducativos coletivos no bairro, a fim de promover a cultura,
lazer, esporte, atividades ocupacionais e preservacionistas, bem como informações
às crianças, aos jovens e adultos, mediante valores cristãos.
.
Para
tanto, a escola abre seu espaço interno para a comunidade, promovendo cursos,
catequese, comemoração de datas religiosas, entre outros eventos.
Espero que tenham gostado dessa singela homenagem.
Fontes :
Katiane Maciel Pereira nos trás em sua dissertação intitulada: "MESSEJANA DA EDUCAÇÃO: a ação educacional da Igreja Católica na produção espacial (século XX)"
Imagens: google imagens , facebook da instituição
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