Ele tem cerca de 18 anos,
de estatura média, sem barba, com boas pernas, uma covinha no queixo, um dente
espetado no esquerdo do nariz, uma cicatriz acima do canto esquerdo da boca,
tatuado no pulso direito com duas letras bárbaras. Ele levou com ele três
moedas de ouro, dez pérolas, um anel de ferro com ornamentações e estava
vestindo um casaco e uma tanga. Quem trouxer de volta esse escravo receberá
recompensa de 3 pesos de cobre. Se for resgatado de um santuário receberá 2
pesos de cobre e se for resgatado da casa de um senhor de posses receberá 5
pesos de cobre.
Este não é um registro de
escravo fugitivo em nenhuma parte das Américas dos século XIX. Trata-se de um
registro egípcio do século II antes de Cristo resguardado num papiro no qual
consta a narrativa sobre a fuga de Hermon, um escravo de origem síria. Os
valores das recompensas variavam, pois envolviam as dificuldades das três
hipóteses: Ser capturado a esmo era mais difícil do que ser encontrado num
santuário - onde não eram raras as presenças de escravos foragidos - e, enfim,
ser retirado das posses de um outro senhor era algo mais complexo, pois
acabaria resultando numa disputa pelo escravo - e esse poderia ser justamente
uma manobra que Hermon poderia ter empregado para sair de Alexandria ou mesmo
do Egito.
O esperto Hermon não fugiu
sozinho. Estava com outro acompanhante (um amigo? um amante?), Bion, escravo de
um importante funcionário do Estado. Bion tinha baixa estatura, mas tinha uma
musculatura forte e "olhos brilhantes" (sendo este último traço um
detalhe curioso da descrição do foragido). Ambos carregaram objetos furtados,
inclusive roupas femininas.
Se foram capturados
certamente sofreram um pesado castigo físico, mas é interessante pensar que a
dupla escapou da perseguição, pois não há registro identificado sobre o
desfecho desse caso.
Fonte: Historiablog
Imagens: Google imagens
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