Na era medieval, a vida
entre quatro paredes ficou mais recatada por causa da influência da Igreja
Católica. No mundo ocidental, tudo que era relacionado ao sexo - exceto a
procriação - passou a ser pecado. Até pensar no assunto era proibido! O único
que se dava bem era o senhor feudal: além de colocar cinto de castidade em sua
esposa, ele tinha o direito de manter relações sexuais com qualquer noiva em seu
feudo na primeira noite do casamento dela. A datação tradicional da Idade Média
vai de 476, queda do Império Romano do Ocidente, a 1453, queda de
Constantinopla. Já no Oriente, em países asiáticos, a liberdade sexual era
maior. Os homens orientais podiam, por exemplo, ter quantas mulheres quisessem,
desde que conseguissem sustentar todas. "Mas o segundo casamento tem de
ter autorização da primeira esposa. Isso foi feito para a mulher não ficar
sozinha e desamparada", diz o historiador Claudio Umpierre Carlan,
professor da Universidade Federal de Alfenas (MG) e pesquisador da Unicamp.
Sexo era pecado e deveria
ser evitado a todo custo
Paquera
Por volta do século 12,
surgiu o chamado amor cortês. Na corte, o cavaleiro levava o lenço da mulher amada.
Mas era uma amor platônico e infeliz - como os casamentos eram arranjados por
interesses econômicos, o cavaleiro e a dama quase nunca ficavam juntos. Os
noivos arranjados muitas vezes só se conheciam por meio de retratos pintados a
óleo
Posições
Só uma posição era
consentida pela Igreja: a missionária (atual papai-e-mamãe). Ela tem esse nome
porque os missionários cristãos queriam difundir seu uso em sociedades onde
predominavam outras práticas. Para os cristãos, ela é a única posição
apropriada porque, segundo são Paulo, a mulher deve sujeitar-se ao marido. O
recato entre quatro paredes era tamanho que, em alguns lares mais tradicionais,
o casal transava com um lençol com um furo no meio!
Masturbação
Para desincentivar o
prazer sexual solitário, surgiram nessa época os mitos de que os meninos
ficavam com espinhas ou calos nas mãos caso se masturbassem. Se uma menina se
tocasse, ou estava tendo um encontro com Satã ou havia sido enfeitiçada por
bruxas. A paranoia era tão grande que muitos tomavam banho vestidos - até o
banho era considerado um ato libidinoso
Casamento
A família da noiva, que
podia casar logo após a segunda menstruação, pagava um dote (dinheiro ou bens)
ao noivo, que tinha, geralmente, entre 16 e 18 anos. Mas havia proibições,
claro: o papa Gregório I proibiu o casório entre primos de terceiro grau, e Gregório
III proibiu a união de parentes de até sexto grau!
Ciência
A anatomia não evoluiu
muito na era medieval, mas os conhecimentos técnicos para evitar o sexo, sim!
Não há consenso entre os historiadores sobre a invenção do cinto de castidade,
mas acredita-se que o modelo mais antigo seja o de Bellifortis, de 1405. Feito
de metal, ele tinha aberturas farpadas que permitiam urinar, mas não copular.
Também foi inventada a infibulação, técnica de costura da vagina para garantir
a fidelidade da mulher ao senhor feudal quando ele viajava
Homossexualidade
A relação homossexual era
chamada sodomia e era crime com pena de morte, além de ser considerada heresia
pela Igreja - os homossexuais poderiam até ser queimados em fogueiras. No
Oriente, era aceito - mas na surdina. Por exemplo, em exércitos em guerra, era
preferível a relação entre soldados do que recorrer a prostitutas
Prostituição
Como os homens não podiam
ter prazer com as esposas, com quem só transavam para procriação, a procura por
prostituas era grande. Ao mesmo tempo em que eram malvistas pela sociedade e
pela Igreja, as profissionais do sexo tinham que doar metade de seus lucros ao
clero - foi o que instituiu o papa Clemente II (1046-1047)
Pecados
Segundo a suma teológica
de são Tomás de Aquino, documento escrito de 1265 a 1273, havia dois tipos de
pecado pela luxúria:
- Pecado contra a razão
Fornicação e adultério,
por exemplo
- Pecado contra a natureza
São os pecados que
contrariam a ordem natural do ato sexual. Aí se incluem masturbação, sexo com
animais, homossexualidade e a prática antinatural do coito. Leia-se: não podia
ser feito sexo em orifícios não naturais (boca e ânus), mesmo que fosse entre
marido e mulher!
Fonte: Mundo Estranho - texto de Marina Motomura
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