Não sendo apenas baseada
em uma percepção da realidade material, a forma com a qual o homem conta o
tempo também pode ser visivelmente influenciada pela maneira com que a vida é
compreendida. Em algumas civilizações, a ideia de que houve um início em que o
mundo e o tempo se conceberam juntamente vem seguida pela terrível expectativa
de que, algum dia, esses dois itens alcancem seu fim. Já outros povos entendem
que o início e o fim dos tempos se repetem através de uma compreensão cíclica
da existência.
Apesar de ser um
referencial de suma importância para que o homem se situe, a contagem do tempo
não é o principal foco de interesse da História. Em outras palavras, isso quer
dizer que os historiadores não têm interesse pelo tempo cronológico, contado
nos calendários, pois sua passagem não determina as mudanças e acontecimentos
(os tais fatos históricos) que tanto chamam a atenção desse tipo de estudioso.
Dessa maneira, se esse não é o tipo de tempo trabalhado pela História, que
tempo tal ciência utiliza?
O tempo empregado pelos
historiadores é o chamado “tempo histórico”, que possui uma importante
diferença do tempo cronológico. Enquanto os calendários trabalham com
constantes e medidas exatas e proporcionais de tempo, a organização feita pela
ciência histórica leva em consideração os eventos de curta e longa duração.
Dessa forma, o historiador se utiliza das formas de se organizar a sociedade
para dizer que um determinado tempo se diferencia do outro.
Seguindo essa lógica de
pensamento, o tempo histórico pode considerar que a Idade Média dure
praticamente um milênio, enquanto a Idade Moderna se estenda por apenas quatro
séculos. O referencial empregado pelo historiador trabalha com as modificações
que as sociedades promovem na sua organização, no desenvolvimento das relações
políticas, no comportamento das práticas econômicas e em outras ações e gestos
que marcam a história de um povo.
Além disso, o historiador
pode ainda admitir que a passagem de certo período histórico para outro ainda
seja marcado por permanências que apontam certos hábitos do passado, no
presente de uma sociedade. Com isso, podemos ver que a História não admite uma
compreensão rígida do tempo, onde a Idade Moderna, por exemplo, seja
radicalmente diferente da Idade Média. Nessa ciência, as mudanças nunca
conseguem varrer definitivamente as marcas oferecidas pelo passado.
Mesmo parecendo que tempo
histórico e tempo cronológico sejam cercados por várias diferenças, o historiador
utiliza a cronologia do tempo para organizar as narrativas que constrói. Ao
mesmo tempo, se o tempo cronológico pode ser organizado por referenciais
variados, o tempo histórico também pode variar de acordo com a sociedade e os
critérios que sejam relevantes para o estudioso do passado. Sendo assim, ambos
têm grande importância para que o homem organize sua existência.
Por Rainer Sousa
Graduado em História
Adaptado de Brasil Escola
Adorei professora falou bastante sobre o tempo
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