Nenhum momento define
melhor os Jogos Olímpicos modernos do que o do revezamento da tocha, um símbolo
perfeito da fraternidade e da cooperação internacional. Tudo é glorioso nesse
evento, desde o acendimento da chama sagrada em Olímpia, na Grécia, até à sua
entrada espetacular no estádio da cidade sede. Esse também era o espetáculo que
Joseph Goebbels, ministro alemão da propaganda queria que os espectadores das
Olimpíadas de 1936 presenciassem - não para a fraternidade entre os povos, mas
para a glória do regime nazista.
Muitas pessoas não sabem
que o revezamento da tocha olímpica é uma invenção nazista. Os antigos gregos
disputavam corridas de revezamento que envolvia tochas como parte de sua
adoração aos deuses, porém, em nenhum dos jogos modernos antes de Berlim houve
o revezamento da chama olímpica. A ideia não foi, na verdade, de Goebbels. Ela
foi proposta por Carl Diem, secretário geral do comitê organizador dos Jogos de
Berlim e inspirada na chama usada na Olimpíada de Amsterdã em 1928. Goebbels
decidiu usar o revezamento da tocha para satisfazer a sede nazista por
espetáculos e cerimônias. E ele o fez com muita competência.
Na cerimônia de
acendimento na Grécia, a chama foi dedicada a Hitler, ao som de uma banda que
tocava o hino nazista Die Fahne Hoch. Ao retratar o evento como uma antiga
tradição, os nazistas proclamavam-se herdeiros do progresso da civilização
ocidental; da Grécia à Roma e finalmente para a Alemanha.
A rota do revezamento da
tocha passou pela Tchecoslováquia, onde toda a propaganda nazista que cercava o
espetáculo, induziu alguns membros da minoria étnica alemã a entrar em conflito
com os tchecos. Dois anos mais tarde, os nazistas invadiriam e ocupariam parte
da Tchecoslováquia, alegando que a minoria alemã estava em perigo.
Na última etapa do
revezamento, somente atletas loiros e de olhos azuis foram autorizados a
conduzir a tocha.
Hitler encontrou ainda
outras maneiras para usar o revezamento da tocha como propaganda nazista. O
chefe do escritório de esportes do
Reich, Hans von und Tschammer Osten, convenceu-o a patrocinar escavações
dos sítios dos jogos olímpicos originais em Olímpia, reforçando ainda mais a
imagem da Alemanha como herdeira e zeladora das antigas tradições.
De acordo com o historiador
alemão Arnd Krüger, a Companhia Krupp, maior produtora de armamentos da
Alemanha, projetou e patrocinou as tochas usadas no percurso entre a Grécia e
Berlim. A primeira tocha fabricada foi usada para acender um novo forno para a
produção de canhões de longo alcance. A rápida expansão da produção de
artilharia da Krupp seria crucial para os primeiros sucessos militares dos
nazistas.
Assim como Goebbels
planejara, a visão da chama sendo levada para o estádio por um exemplar da
masculinidade ariana, levou os espectadores a concluir que os nazistas eram
fortes, mas não brutais. O New York Times informou que a Alemanha mostrou “boa
vontade” e “hospitalidade impecável.” A agência The Associated Press assegurou
a seus leitores que os Jogos indicavam paz para a Europa.
O vazio da propaganda
nazista foi revelado pelos anos catastróficos da guerra. No entanto, na
retomada dos Jogos Olímpicos em Londres em 1948, o revezamento da tocha foi
mantido como uma mensagem clara de amizade e paz. Ele ainda continua a ser um
símbolo de boa vontade, um legado do nazismo que decidimos valer a pena manter.
AGORA VAMOS VER A ABERTURA DOS JOGOS
OLÍMPICOS EM 1936 EM BERLIM
Fonte: kid-bentinho.blogspot.com
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