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No dia 28 de junho de 2016, a
Turquia sofreu mais um atentado terrorista. Três homens-bomba causaram
explosões no aeroporto de Atatürk, em Istambul, matando 41 pessoas e deixando
outras 239 feridas. Autoridades do país acusam o grupo Estado Islâmico (EI) de
estar envolvido no atentado.
O ataque ao aeroporto de
Atatürk foi o quarto atentado terrorista na metrópole turca apenas em 2016.
Desde o ano passado, quando a Turquia iniciou uma campanha aberta de ataques ao
EI, o país passou a ser alvo das ofensivas da organização terrorista.
Entenda a seguir como as
relações entre o governo da Turquia e outros atores no Oriente Médio arrastaram
o país para este conflito.
Desde 2011, a guerra civil
na Síria vem desestabilizando todo o Oriente Médio. A Turquia foi um dos
primeiros países da região a se voltar diretamente contra o governo da Síria
logo no início do conflito, ainda que as duas nações cultivassem boas relações
no passado. Os turcos passaram a financiar milícias que tinham como objetivo
derrubar o ditador sírio Bashar al-Assad.
No decorrer do conflito na
Síria, o EI ganhou maior protagonismo e despontou como a única força capaz de
fazer frente às tropas de Assad. A partir daí, o governo turco passou a
estabelecer uma relação ambígua com o grupo extremista.
Formalmente, a Turquia
mantém o discurso de alinhamento com as potências ocidentais no combate ao
fundamentalismo islâmico do EI. No entanto, como tanto a Turquia como o EI
querem derrubar Assad, o governo de Erdogan é acusado de fazer vistas grossas
em relação aos avanços do grupo extremista.
Os interesses da Turquia e
do EI também convergem em outro aspecto: ambos têm os curdos como inimigos. Os
curdos formam a maior etnia sem Estado no mundo e mantêm um projeto para a
criação de um país próprio desde o final do século XX, sobretudo na Turquia, na
Síria e no Iraque, países nos quais o movimento é violentamente reprimido. Na
Turquia, o principal grupo separatista é o Partido dos Trabalhadores do Curdistão
(PKK), que iniciou a luta armada em 1984.
Na Síria, os curdos locais
conquistaram boa dose de autonomia no norte do país, perto da fronteira com a
Turquia, onde mantém relações estreitas com o PKK e defendem seu território
contra o avanço do EI. Para a Turquia, a aliança entre os curdos sírios e o PKK
representa a principal ameaça ao seu território. Por isso, sempre foi
conveniente para Erdogan deixar que o EI fizesse o “trabalho sujo” de lançar
ataques aos curdos sírios e ao PKK na região.
A Turquia como alvo
Mas esta relação entre a
Turquia e o EI acabou se tornando insustentável. A situação começou a mudar em
julho de 2015, quando a cidade turca de Suruç, no sul do país, foi alvo de um
ataque do EI, que vitimou 32 pessoas, a maioria curdas. No mesmo episódio, o
PKK matou dois policiais turcos, acusados de colaborar com o ataque jihadista.
O caso levou o governo Erdogan a mudar sua estratégia: a Turquia passou a
atacar abertamente alvos do PKK na Síria, rompendo a trégua com os curdos, e
iniciou uma colaboração efetiva com a Otan, do qual é membro, no combate o EI.
Mas, ao abrir duas novas
frentes de combate, a Turquia também acabou se expondo. Agora o país sofre com
atentados de grandes proporções em Istambul, na capital Ancara e em outras
cidades importantes. A maioria deles são atribuídos ao EI, mas o PKK também é
acusado de promover ataques.
Fonte: Guia do Estudante
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