Quando você quer vender um
produto ruim, primeiro você precisa convencer o comprador que o produto é bom e
necessário, e que não comprá-lo é ruim para você.
Foi assim, por exemplo, quando
alguém inventou uma nova fórmula de iogurte que deu errado, porque causava
diarreia. Como vender um alimento caro, desnecessário e que causa diarreia?
O pessoal do marketing chegou
logo na resposta: convencer o consumidor de que ele, consumidor, é que tinha um
problema de "intestino preso". Uma vez que o consumidor fosse
convencido de que tinha um problema, uma espécie de "doença" que foi
sutilmente chamada de "intestino preguiçoso", ficou fácil vender um
iogurte que provoca diarreia: agora não mais como um produto esdrúxulo,
desnecessário e potencialmente perigoso, mas sim como um alimento saudável que
ajuda a resolver um problema de saúde! O marketing é assim.
Essa introdução serve para
refletirmos sobre a "doutrinação" de professores em sala de aula.
Quando essa "doença" foi inventada pelo advogado Miguel Nagib, pouca
gente deu importância a ela nos meios educacionais, pois assim como vivemos bem
com nosso intestino a vida toda sem precisar de iogurte, também vivemos bem,
professores e alunos, com nossos conflitos em sala de aula.
Mas quando o marketing assumiu a
batalha de transformar o jogo da aula em uma doença de doutrinação, onde o
professor passa a ser o intestino preguiçoso e as medidas de repressão
propostas pelo movimento Escola Sem Partido (criado por esse advogado) foram oferecidas
como o "remédio" para sanar essa "doença", então as coisas
começaram a mudar...
Hoje em dia muitas pessoas
acreditam seriamente que têm intestinos preguiçosos e é difícil demovê-las
dessa ideia, pois algumas amigas fazem cocô todas as manhãs! Da mesma forma que
já começa a ser difícil crer que as aulas onde surgem debates, discordâncias e
conflitos de ideias sejam "normais". Parece que a escola também
precisa fazer coco todo dia, em toda aula, ou então se torna uma escola doente,
preguiçosa.
O marketing do Escola Sem Partido
usa muitas estratégias. Uma delas, por exemplo, consiste em sugerir que,
havendo tantos conflitos de "doutrinação" causados pelo professor e,
sendo estes supostamente impunes (um intestino doente que se recusa a fazer
coco), os alunos deveriam filmar seus professores para registrar o
"crime" e denunciar, pois caso contrário o professor jamais seria
punido e o intestino educacional nunca funcionaria.
Professores que entendem que o
movimento ESP defende ideias absurdas compraram, no entanto, a ideia de que
serem filmados por seus alunos é ruim para eles e se lançaram em uma campanha
para impedir essas filmagens. Ou seja, sem querer esses professores estão
admitindo que, se filmados, serão pegos em flagrante no cometimento de crimes.
Esse é o poder do marketing!
Dessa forma, alunos são jogados
contra professores e incitados a "procurarem criminosos
doutrinadores" e, os professores, do outro lado, são jogados contra os
alunos e incitados a proibi-los de usarem smartphones e de filmarem as aulas.
O saldo é bem claro: alunos e
professores em um conflito cada vez maior. Alunos que acabam por acreditar que
seus professores são criminosos que precisam ser denunciados e, na outra via,
professores que acabam acreditando que seus alunos são criminosos que querem
denunciá-los por crimes que não comentem. Quem ganha com isso?
Quem ganha com isso é apenas a
fábrica de "iogurte ideológico": o movimento Escola Sem Partido.
Os únicos aliados dos professores
no seu dia a dia são os próprios alunos. Da mesma forma que os únicos aliados
dos alunos são os professores. Jogar uns contra os outros é a melhor forma de
prejudicar ambos.
Reflitam.
Fonte do texto: José Carlos Antonio - Facebook / Site
Fonte do vídeo: Youtube.com
Imagens: Google imagens
Nenhum comentário:
Postar um comentário