domingo, 4 de novembro de 2018

O MARKETING DA ESCOLA SEM PARTIDO






Quando você quer vender um produto ruim, primeiro você precisa convencer o comprador que o produto é bom e necessário, e que não comprá-lo é ruim para você.

Foi assim, por exemplo, quando alguém inventou uma nova fórmula de iogurte que deu errado, porque causava diarreia. Como vender um alimento caro, desnecessário e que causa diarreia?

O pessoal do marketing chegou logo na resposta: convencer o consumidor de que ele, consumidor, é que tinha um problema de "intestino preso". Uma vez que o consumidor fosse convencido de que tinha um problema, uma espécie de "doença" que foi sutilmente chamada de "intestino preguiçoso", ficou fácil vender um iogurte que provoca diarreia: agora não mais como um produto esdrúxulo, desnecessário e potencialmente perigoso, mas sim como um alimento saudável que ajuda a resolver um problema de saúde! O marketing é assim.


Essa introdução serve para refletirmos sobre a "doutrinação" de professores em sala de aula. Quando essa "doença" foi inventada pelo advogado Miguel Nagib, pouca gente deu importância a ela nos meios educacionais, pois assim como vivemos bem com nosso intestino a vida toda sem precisar de iogurte, também vivemos bem, professores e alunos, com nossos conflitos em sala de aula.

Mas quando o marketing assumiu a batalha de transformar o jogo da aula em uma doença de doutrinação, onde o professor passa a ser o intestino preguiçoso e as medidas de repressão propostas pelo movimento Escola Sem Partido (criado por esse advogado) foram oferecidas como o "remédio" para sanar essa "doença", então as coisas começaram a mudar...

Hoje em dia muitas pessoas acreditam seriamente que têm intestinos preguiçosos e é difícil demovê-las dessa ideia, pois algumas amigas fazem cocô todas as manhãs! Da mesma forma que já começa a ser difícil crer que as aulas onde surgem debates, discordâncias e conflitos de ideias sejam "normais". Parece que a escola também precisa fazer coco todo dia, em toda aula, ou então se torna uma escola doente, preguiçosa.



O marketing do Escola Sem Partido usa muitas estratégias. Uma delas, por exemplo, consiste em sugerir que, havendo tantos conflitos de "doutrinação" causados pelo professor e, sendo estes supostamente impunes (um intestino doente que se recusa a fazer coco), os alunos deveriam filmar seus professores para registrar o "crime" e denunciar, pois caso contrário o professor jamais seria punido e o intestino educacional nunca funcionaria.

Professores que entendem que o movimento ESP defende ideias absurdas compraram, no entanto, a ideia de que serem filmados por seus alunos é ruim para eles e se lançaram em uma campanha para impedir essas filmagens. Ou seja, sem querer esses professores estão admitindo que, se filmados, serão pegos em flagrante no cometimento de crimes. Esse é o poder do marketing!

Dessa forma, alunos são jogados contra professores e incitados a "procurarem criminosos doutrinadores" e, os professores, do outro lado, são jogados contra os alunos e incitados a proibi-los de usarem smartphones e de filmarem as aulas.



O saldo é bem claro: alunos e professores em um conflito cada vez maior. Alunos que acabam por acreditar que seus professores são criminosos que precisam ser denunciados e, na outra via, professores que acabam acreditando que seus alunos são criminosos que querem denunciá-los por crimes que não comentem. Quem ganha com isso?

Quem ganha com isso é apenas a fábrica de "iogurte ideológico": o movimento Escola Sem Partido.

Os únicos aliados dos professores no seu dia a dia são os próprios alunos. Da mesma forma que os únicos aliados dos alunos são os professores. Jogar uns contra os outros é a melhor forma de prejudicar ambos.

Reflitam.





Fonte do texto:  José Carlos Antonio - Facebook / Site
Fonte do vídeo: Youtube.com
Imagens: Google imagens

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