Cabe avaliar o
comportamento desta nova geração no acesso e uso das tecnologias digitais
"A principal meta da
educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não
simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam
criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar
mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a
elas se propõe.”
A frase, de Jean Piaget,
não poderia ser mais atual, mas precisa encontrar eco nos novos desafios agora
impostos aos educadores na formação de uma geração de estudantes que são
nativos digitais.
Não é incomum ouvir
pessimistas de plantão incrédulos com a adoção das novas tecnologias nas
escolas, especialmente nas instituições públicas, que recebem estudantes com
condições sociais mais precárias, sob o argumento de que não só não há recursos
para investir na compra de equipamentos e de que a escola tem outras
prioridades mais urgentes, mas também de que estes jovens não teriam a cultura
necessária para utilizar computadores, tablets, softwares ou pesquisar na
Internet.
Será mesmo? Antes de fazer uma análise do ambiente escolar, cabe avaliar o comportamento desta nova geração no acesso e uso das tecnologias digitais. Basta um olhar mais atento para perceber que, assim como aconteceu com o rádio e depois com a TV, os celulares, os tablets e computadores, de uma forma geral, estão cada vez mais presentes nos domicílios das classes menos favorecidas, criando assim um cenário bastante favorável para adoção deste tipo de tecnologia nas escolas.
De acordo com recente
pesquisa realizada pelo CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento)
com o apoio da Fundação Victor Civita com estudantes do Ensino Médio, com faixa
etária entre 15 e 19 anos, residentes em São Paulo e Recife e renda familiar
inferior a R$ 2,5 mil, quase 60% possuem um celular ou tablet com acesso à
Internet e mais de um quarto deles já os utilizou para estudar e realizar
atividades escolares.
Ao invés de coibir o uso
do celular, as escolas deveriam incorporá-lo como um recurso que já tem uma
forte ligação com a rotina dos estudantes. Se bem aplicados e com um
planejamento bem elaborado, eles podem contribuir fortemente para envolver os
alunos em um processo de aprendizagem baseado em projetos, envolvendo
atividades desafiadoras e que são conectadas ao cotidiano do aluno. As escolas
devem estimular a criação de conteúdos e o desenvolvimento de projetos
educacionais e pedagógicos que o transformem em uma poderosa ferramenta de
ensino e aprendizagem.
Ao que tudo indica, ainda
não. Em pesquisa realizada com 63 presidentes de grandes empresas, publicada
pela revista Você S/A, os mesmos mencionaram que buscam jovens que saibam se
comunicar bem pela oralidade e pela escrita, tenham um bom raciocínio lógico,
saibam pesquisar, se relacionar bem, usar tecnologias, administrar bem o tempo,
preservar o meio ambiente e fazer trabalho voluntário. Ou seja, muito mais do
que pessoas com conhecimento técnico, as empresas estão buscando pessoas que
tenham atitude, iniciativa, criatividade e resiliência.
Para que a escola consiga
engajar e motivar estes alunos da geração que já nasceu digital é preciso
avaliar alguns pontos, como se a grade curricular que está sendo trabalhada é
relevante e faz sentido para os alunos; se as estratégias de ensino são
instigantes e desafiantes, colocando o aluno no centro da aprendizagem e
colaborando no desenvolvimento de suas competências e habilidades básicas para
serem mais participativos na sociedade; e, claro, se os recursos que apoiam
estas iniciativas são os mais adequados.
O celular pode permitir
aos alunos pesquisar na Internet, criar textos, gravar vídeos, tirar fotos,
produzir podcasts, armazenar dados e compartilhar todo material nas redes
sociais e blogs, possibilitando, inclusive, desenvolver projetos colaborativos
envolvendo alunos de várias escolas e até mesmo de outros países, entre
diversos outros recursos que irão tornar o processo de ensino e aprendizado
muito mais empolgante.
Adotar as tecnologias
digitais na educação é um caminho sem volta. Mas não é preciso reinventar a
roda. Agregar o celular como ferramenta pedagógica já pode ser um excelente
começo. Proibir seu uso nas escolas faz com que os alunos se sintam em um
presídio, de acordo com a pesquisa desenvolvida pelo CEBRAP.
Já há diversas empresas
desenvolvendo softwares e aplicativos para smartphones com fins educacionais.
Afinal, se o celular é uma ferramenta para uso profissional, por que os alunos
não podem utilizá-la na escola? Um dos principais papéis da escola não é
justamente preparar os estudantes para o mercado profissional? Então, qual o
sentido de obrigar o aluno a deixá-lo em casa?
Fonte: Net Educação
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